E chega ao fim a Semana Farroupilha

E acabou a Semana Farroupilha. Como gostamos de coisas grandiosas nossa “semana” dura 13 dias, pois desde o final do Sete de Setembro iniciaram as comemorações da Revolução Farroupilha. Portanto estamos, há 20 dias, em festejos, que, tem a liberdade como seu principal ideal. Mas fiquemos só na Semana Farroupilha. Durante esses 14 dias são realizadas milhares de palestras, principalmente em escolas, por prendas e peões, na maioria das vezes despreparados para tal. Se limitam a seguir uma cartilha, com pouca ou nenhuma consistência histórica e divulgam a “nossa cultura” para milhares de jovens, que hoje saíram pilchados, ou não, pelas ruas de nosso Estado.

O mito do gaúcho

Os principais personagens para a criação desse mito foram Paixão Côrtes, Barbosa Lessa e Glauco Saraiva. A partir deles é que começa uma sistematização de usos e costumes que acabou virando a nossa tradição, celebrada nesse período.

O próprio Paixão Côrtes afirma que o que entendemos hoje como gaúcho é a soma de diversas culturas, povos e costumes, ou seja, o gaúcho é um amalgama de povos diferentes, na maioria estrangeiros.

Portanto, na primeira metade do século XX, começa a nascer a cultura gaúcha como conhecemos. Mas ela não se fixa como cultura e sim como tradição, folclore e é aí que nasce a raiz de nossos problemas. Todo o povo que vive baseado, exclusivamente no folclore, fica limitado na sua capacidade de evoluir culturalmente. Por conta disso que há centenas de discussões, absolutamente banais, onde gasta-se horas para saber se é permitido, ou não, homens usarem brincos nos CTGs. Se a Tchê Music é permitida. Qual o papel da mulher no tradicionalismo. Deve-se ou não usar facas nos acampamentos. E por aí vai. Tudo fica a cargo do Movimento Tradicionalista Gaúcho, MTG, que como vi num twitter agora pouco ele é: “sexista, xenofóbico, patriarcal, racista e que não representa a diversidade do povo rio-grandense”.

Na maioria dos casos seus integrantes são urbanos que durante 15 dias tentam “resgatar” sua “herança” rural. Herança essa que, para a maioria deles, não existe.

Nem tudo é desgraça

Mas nem tudo é ruim. Há alguns valores cultivados, coletivamente, que são importantes de serem preservados. Como trabalhadores rurais, os gaúchos (de verdade), tem uma relação de cooperação e entendimento com o meio ambiente. Garantir a qualidade das pastagens e a qualidade das águas, por exemplo, é fundamental para a atividade pastoril. Portanto esses tradicionalistas verdadeiros, não podem dormir tranqüilos com, por exemplo, a derrubada de 630 árvores para a construção de uma cancha de rodeios, ou a derrubada de 4 árvores nativas para não remover uma barraca e nem com a morte de um cavalo por uma cerca eletrificada nos pavilhões da Festa da Uva, não é?

Temos que resgatar, sim, os verdadeiros ideias de nossa terra entre eles a solidariedade, a luta pela igualdade e pela fraternidade entre todos. Esses sim são as façanhas que devem servir de modelo a toda a terra.

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