Indignados de todo o mundo se mobilizam contra a crise

Com informações do blog Opera Mundi

100 mil pessoas na Espanha com o lema "Unidos por um Mudança Global"
Daqui há alguns anos um livro provavelmente se chamará: "2011 o ano que não terminou". A analogia ao célebre livro de Zuenir Ventura, "1968 o ano que não terminou" é, no mínimo, justa. Os movimentos populares que nasceram na Tunísia, se espalharam pelo Egito, pelo Oriente Médio, Espanha, Europa e chegaram há 30 dias nos Estados Unidos, estão forjando uma nova geração.

Uma geração rebelde como a de 1968, isso é fato, mas com pautas muito mais diversificadas. Saí o mundo bipolar e entra um mundo multilateral.Sai a mobilização boca a boca, entra a organização via redes sociais. Uma coisa fica. O povo tomou conta das praças do mundo inteiro.

O Vilão Mundial
Todos esses movimento começaram a serem gestados há mais de 10 anos com as mobilização contra a OMC, Organização Mundial do Comércio, em Seattle, Gênova e outros países. Onde acontecia uma rodada da OMC, milhares de pessoas iam protestar. Passados 10 anos o movimento ganha as ruas novamente e o vilão é o mesmo, o capitalismo e o sistema financeiro mundial.

Desde 2008 os pobres de todos os países do mundo estão pagando a conta pelos desmandos dos ricos. Quando os banqueiros gananciosos (seria isso uma redundância?) derrubaram e economia mundial com suas jogadas especulativas, governos do mundo inteiro injetaram trilhões de dolares para salvá-los. Passados 3 anos, esses ricos estão mais ricos, e estão jogando, novamente, o mundo em outra crise. As camadas mais pobres desses países irão, de novo, pagar a conta disso.

O movimento que surge com o lema "Unidos por uma Mudança Global" quer denunciar isso. Em Nova York, milhares de pessoas estão acampadas próximo de Wall Street, centro financeiro mundial, questionando porque 99% da população tem que pagar a crise criada por 1%. Nesse sábado 951 cidades, de 82 países, realizaram mobilizações. Abaixo relatamos o que aconteceu em alguns países.


Austrália

Na Austrália, centenas de pessoas protestaram na cidade de Sydney. Os manifestantes traziam cartazes com dizeres como "O capitalismo está matando nossa economia". As passeatas aconteceram também nas cidades de Melbourne, Adelaide, Perth, Townsville, Brisbane e Byron Bay.

Segundo informações do jornal The New York Times, o clima dos protestos era tranquilo, com pessoas inclusive tocando músicas para animar a multidão. Ainda segundo a publicação, havia cerca de 800 pessoas nos protesto australiano realizado nas imediações do Banco Federal do país. 



Inglaterra

As manifestações em Londres começaram com cerca de 300 pessoas que se dirigiam à Praça Paternoster, onde está localizada a Bolsa de Valores de Londres. Às 13h (horário de Brasília), a marcha já contava com cerca de 3 mil pessoas.

O protesto começou de forma pacífica, mas a polícia da cidade prometeu agir caso os manifestantes tentassem invadir o local. Horas depois, os policiais passaram a marchar pela praça, demonstrando uma atitude mais energética.

Algumas horas depois, surgiram no Twitter algumas mensagens de pessoas presentes nas manifestações indicando que Julian Assange, responsável pelo Wikileaks, havia sido preso pela polícia da cidade. Minutos depois, a informação foi desmentida por outros participantes do protesto.

Segundo eles, Assange foi avisado, assim como outras pessoas, pelos policiais de que não poderia usar uma máscara que cobrisse seu rosto. A exigência foi ironizada por um advogado presente na praça. "Eles dizem que não podemos usar máscaras e ser anônimos, mas as contas suíças podem ser", afirmou Jen Robinson em sua conta no Twitter. 

"Este movimento não é a destruição da lei, mas a construção da lei", declarou Assange a respeito do Occupy Wall Street. Na foto de Assange sendo parado pela polícia britânica, que não permitiu a utilização de máscaras. 
Às 13h10 (horário de Brasília), a Scotland Yard confirmou que duas pessoas foram detidas durantes os protestos.

Alemanha

Segundo a Associated Press, cerca de 5 mil pessoas protestam na cidade de Munique, em frente ao prédio do Banco Central Europeu.

Nova Zelândia

Houve manifestações em quatro cidades do país: Wellington, Auckland, Dunedin e New Plymouth. De acordo com informações da Radio Zew Zeland, cerca de 500 pessoas estiveram presentes nas marchas realizadas nas duas primeiras cidades. 
Bélgica

A manifestação na capital Bruxelas partiu da estação Norte em direção à praça da bolsa de valores. Depois seguiu para o distrito onde ficam as sedes da Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu.

Milhares de manifestantes levaram cartazes com dizeres como "Parem a ditadura financeira"; "Por uma Europa solidária" e o "O dinheiro mata". A passeata ocorre em clima pacífico. 

Espanha

As manifestações da Espanha tiveram o grande apoio e incentivo dos "indignados" que meses atrás já haviam protestado contra a situação econômica do país e os altos índices de desemprego.

Os números a respeito das marchas diferem de acordo com as fontes. Segundo fontes da prefeitura, 60 mil pessoas participaram das manifestações, mas a organização afirmou que foram 250 mil.

Em Madri, as autoridades não permitiram que os protestos fossem realizados. Ainda assim, milhares de pessoas foram às ruas e fizeram muito barulho com apitos e um "panelaço". Quando passavam por bancos, gritavam "culpados, culpados". Durante as manifestações, no entanto, não foram registrados incidentes. 
Estados Unidos

O país que motivou os protestos pelo mundo neste sábado, também teve suas manifestações contra o sistema financeiro. Os atos que acontecem no sul de Manhattan, nas proximidades da Wall Street, foram mantidos, mas se espalharam por outros lugares.

Com bandeiras americanas e de sindicatos, os manifestantes tomaram locais como Times Square, Washington Heights, Bronx e Brooklyn, onde gritavam frases como “De quem é a rua? A rua é nossa”.

Se na sexta-feira 14 manifestantes foram detidos, não foram registrados incidentes neste sábado. Os protestos também foram realizados em Washington, Atlanta, Tallahassee, Oakland, Dallas, Los Angeles, São Francisco, Seattle, Chicago, Filadélfia, Houston, San Diego e Denver. 
Itália

O protesto também teve grande importância na Itália. Milhares de pessoas sairam às ruas de Roma e acabaram entrando em conflito com a polícia, que reprimiu as manifestações.

De forma violenta, a polícia italiana usou mangueiras d'água e bombas de gás lacrimejante para dissipar quem protestava. Os manifestantes responderam e, durante o confronto, colocaram fogo em carros e quebraram vitrines de lojas. Até o momento, o protesto na Itália é o que, aparentemente, teve maior repressão policial neste sábado. 
Imagem de Machahir Sami, jornalista presente nos protestos, mostra a confusão gerada pela repressão policial em Roma 
Hong Kong

Cerca de 200 pessoas se concentraram nas imediações da Bolsa de Valores local, levando cartazes com palavras de ordem como "os bancos são um câncer", segundo a Rádio Televisão de Hong Kong.

Taiwan

Mais de 100 pessoas – embora os organizadores esperassem que cerca de 1,5 mil aparecessem – responderam a convocação do "15-O", em referência ao dia 15 de outubro, e se manifestaram na entrada do arranha-céu Taipé 101 cantando palavras de ordem como "Somos 99% de Taiwan".


Brasil
Os protestos no Brasil foram concentrados em São Paulo. As pessoas levaram cartazes pedindo uma "democracia de fato". A forte chuva que atinge a capital paulista, no entanto, atrapalha a manifestação.
Assim como nos demais protestos realizados por todo o mundo, as marchas no Brasil foram convocadas pela internet. 


Porto Alegre
Na capital gaúcha a marcha reuniu cerca de 1000 pessoas que caminharam da Redenção até a Praça da Matriz, onde montaram um acampamento que irá durar até amanhã, às 12 horas, onde a marcha voltará a Redenção. Houve uma tentativa de setores da mídia em tentar vincular esse movimento ao do "combate a corrupção". Essas marchas, no entanto, só deram certo nos jornais. Quem está participando da "Mudança Global" deixa claro a separação entre os dois movimentos. O primeiro é feito pela mídia, com apoio da direita, o segundo é feito, realmente, pelas pessoas que questionam, inclusive a mídia.

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