O médico e o monstro

Hoje, 28 de outubro, completam-se 200 dias da greve dos médicos servidores municipais de Caxias. Coincidentemente, hoje é dia dos servidores públicos.

Esse calvário de quase 7 meses parece não ter fim. A população não sabe se é tragédia ou se já virou piada. E os caminhos percorridos até agora pela Prefeitura e pelo Sindicato dos Médicos às vezes nos deixam em dúvidas para desvendar quem é realmente médico e quem é monstro.


Há argumentos desabonadores para ambos os lados, mas colocando na balança, o gestor Sartori sai perdendo. E de feio. Os médicos, por sua vez, demonstram arrogância na condução das suas reivindicações e aparentam frieza para com os usuários do SUS. Parece, muitas vezes, que nada serve para eles. Já a Prefeitura, cruzou os braços por meses a fio e disse que se o outro lado não se rendesse, não ia negociar. Intransigência pura. Mas enfim, resolveu dar uma trégua e apresentar uma proposta para os doutores na semana passada.

A proposta foi aprovada em parte em Assembléia Geral da categoria realizada nessa última quarta-feira. A Prefeitura propôs aliviar o bolso dos grevistas devolvendo os valores descontados, a obrigatoriedade de concurso público, a criação de padrão salarial específico para médicos e a suspensão dos processos judiciais envolvendo a greve. Tudo isso foi aceito. O que não foi aceito foi o salário proposto pela Prefeitura, portanto, a questão primordial.


O que o Governo Sartori ofertou à classe médica foi um verdadeiro disparate. Ofereceu um salário de R$ 2.125 para 12 horas semanais, ou seja, R$ 250 a menos para os médicos trabalharem aquilo que eles já trabalham hoje no contrato de 20 horas. Quem é médico e quem é monstro? E não adianta você se indignar e dizer que não recebe isso por um mês trabalhado dias inteiros a fio. Infelizmente, a medicina é uma das profissões mais valorizadas e mais bem remuneradas na iniciativa privada. E se o Poder Executivo insistir em pagar esses salários que, na visão dos médicos, é aviltante, não haverá inscritos nos próximos concursos. 

Outra proposta da Prefeitura que merece destaque: os médicos sem especialização receberiam R$ 1.600 também por 12 horas semanais. Qualquer médico recém-formado tem chances de ganhar bem mais que isso na semana seguinte à sua formatura.

Então, podemos ver toda a disposição da Prefeitura em negociar com os médicos. Mas tudo tem uma razão de ser. Já não é mais novidade para ninguém que o governo municipal vai mandar até o fim do ano proposta de criação de uma Fundação para Saúde em Caxias, afinal são incapazes de gerir diretamente o SUS... São os interésses!


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