Festa popular mostra brilho e problemas na “avenida”

Foto: Antonio Lorenzett/Divulgação
Não, não estamos falando da Festa da Uva. Estamos falando da legítima festa popular de Caxias do Sul: O Carnaval. Embora ele não tenha tradição em nossa cidade, principalmente por conta de preconceitos da “elite gringa”, o carnaval de rua vem, as vezes nos trancos e barrancos, quebrando preconceitos.

A edição desse ano caiu no meio da Festa da Uva, aí imagina, ficou em 3º plano, nos quesitos investimentos do poder público. Muitos problemas aconteceram principalmente na primeira noite de desfiles. Destaca-se a falta de banheiros químicos em quantidade suficiente e problemas estruturais. Mesmo utilizando-se do aparato já montado para os corso alegórico, ou desfile cênico musical, uma boa parte da estrutura não foi disponibilizada.

Soma-se a isso o atraso, quase irresponsável, na liberação dos recursos para as escolas, por parte da Secretária de Cultura, a demora absurda na produção do CD com os sambas enredos, a falta de informações sobre as escolas (que só foi disponibilizada uma semana antes dos desfiles). Uma demonstração clara de amadorismo na comunicação do evento é que não existe, em nenhum lugar, imagens da corte do carnaval. Não adianta procurar no site da prefeitura, nem em alguma página da própria liga carnavalesca de Caxias, e olha que a comunicação do evento é de responsabilidade da assessora de comunicação da Câmara de Vereadores, Eloa Nespolo, ou seja, houve profundo desinteresse pelo assunto.

Outra prova disso é o atraso nos CDs com o samba enredo. O secretário de cultura, Antonio Feldmann (PMDB), respondendo a um twitter sobre os CDs, em 5 de fevereiro, afirmou que na próxima semana estaria a disposição. Passada uma semana só se ouviu falar sobre o CD da Festa da Uva.

Também há um movimento de reorganização das próprias escolas. Em setembro havia 15 agremiações garantidas para desfilar. Em janeiro já eram 12. Depois reduziu-se para 11 as vésperas do desfile e por fim só dez desfilaram.

Mesmo assim dez escolas desfilaram no sábado e no domingo e quebraram um pouco a lógica de que Caxias é só Festa da Uva. Apesar das dificuldades as escolas mostraram animação e empolgação. Não foi um carnaval rico, muito antes pelo contrário, foi o carnaval possível de ser feito com o que se tinha de recursos.

Os problemas e soluções do carnaval de rua de Caxias

O carnaval de rua em nossa cidade é teimoso. As escolas mais antigas remontam da década de 70, mesmo assim, careceu por muitos anos de falta de apoio do poder público. Foi a partir de 1998 que o desfile das escolas de samba começou a ganhar um incentivo público de maior vulto. Durante o governo Pepe Vargas e que continua no governo Sartori, houve repasse de verbas da prefeitura para as escolas e infraestrutura para os desfiles, em maior ou menor grau.

Entretanto foi justamente nessa época que ele começou a se desorganizar. A Liga Carnavalesca, criada para reunir as escolas e para que elas ganhassem autonomia, foi dominada por uma figura sombria e envolvida em dezenas de confusões. Cassiano Fontana, o Amarelinho, com conivência das próprias escolas, fez e aconteceu durante muitos anos a frente da presidência da Liga. Para conseguir mais recursos criou diversas escolas apenas para garantir a distribuição de dinheiro. Essas “escolas de aluguel” mantêm-se só com recursos do poder público, sem o apoio das suas comunidades. Elas também serviam de base de apoio eleitoral a Cassiano que já passou por vários partidos, entre eles PDT, PSB e hoje “preside” o PRP que é base de sustentação do governo Sartori.

Há três anos atrás, durante uma fiscalização rigorosa da controladoria de contas da prefeitura, foram encontradas inúmeras irregularidades nas prestações de contas das escolas e da própria Liga. Recursos gastos com bebidas e cigarros entre outros impediam o repasse de novos recursos às escolas. Aliado ao fato do desfile estar acontecendo fora de época (para propiciar que as escolas contratassem integrantes de outras agremiações, principalmente de Porto Alegre e Região Metropolitana) houve uma mudança drástica dentro da Liga. Sai Amarelinho, extremamente desgastado, entra Eloi Frizzo e um time de vereadores para “por ordem na casa”.

Nesse movimento mudaram-se a forma de repasse de recursos as escolas que passou a ser por cachê dependendo da pontuação nos desfiles. A partir desse ano será recomposto o grupo de acesso. Ao que tudo indica, sem a presença do Amarelinho, o carnaval começa a entrar nos eixos.

Outras iniciativas são bem vindas
Além das escolas de samba outra iniciativa surgiu no ano passado. O Bloco da Velha, uma iniciativa da Livraria Arco da Velha, busca resgatar a origem do carnaval de rua. O importante dessa iniciativa é que ela se sustenta sem recursos públicos. Iniciativa semelhante a própria liga poderia incentivar. As diversas escolas que desistiram de participar poderiam se converter em blocos e ajudar a dar mais peso ao nosso carnaval.

Comentários

  1. Convido tod@s interessad@s para construírem o 2º Encontro Estadual de Blogueir@s Progressistas do RS. A próxima reunião será no Ponto de Cultura La Integración, na Rua Santana 260, dia 28/02, às 18h30min.
    Para ler o texto que escrevi sobre o Encontro, acesse o link abaixo.

    http://igordefato.blogspot.com/2012/02/o-2-blogprogrs-e-o-direito-humano.html


    Atenciosamente,

    Igor Corrêa Pereira

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