O que está acontecendo com a polícia de Caxias?

A emenda saiu pior que o soneto já dizia um dito popular. A entrevista do Coronel Nicomendes Barros Vieira Junior, Comandante Regional do Policiamento Ostensivo, CRPO/Serra, à Rádio Viva, foi mais uma demonstração de soberba e corporativismo próprios de quem tem a violência como arma de ação.

O Cel. Barros tenta justificar as inúmeras denúncias de violência policial que pipocaram na cidade, e região, nos últimos meses, como se fossem forjadas pela imprensa. No auge de sua empáfia ele chega a dizer que são apenas denúncias de criminosos e afirma: "seria preocupante se o bandido elogiasse a polícia, não achas?".

Acontece que o coronel "esqueceu" que nem todas as denúncias são de bandidos. Ele por exemplo "esqueceu" o caso do promotor de vendas, que em fevereiro desse ano, tentou fazer uma denuncia na polícia civil porque os policiais militares haviam se negado a registrar uma ocorrência. Ele foi sequestrado, na frente da delegacia de polícia, por policiais militares e agredido e humilhado por 45 minutos.

Outro fato que o coronel "esqueceu" foi a do catador que em maio desse ano foi agredido por policiais militares que só pararam quando ele disse que sua casa tinha um sistema de vigilância que estava gravando tudo e que as imagens eram gravadas na internet. Na dúvida levaram ele até uma lan house, onde apagaram uns e-mails que achavam que tinham as imagens. Leia aqui sobre o caso.

Ainda tem o caso, mais emblemático da Serra Gaúcha, onde mais de uma dezena de polícias torturaram um grupo de jovens, em sua casa, em Flores da Cunha, tentando descobrir o assassino de um polícial militar, que inclusive estava envolvido em atividades criminosas.

O próprio coronel Barros diz em sua entrevista a polícia "é a violência do Estado". Nisso ele tem razão. Para garantir o cumprimento da lei os policiais militares e civis podem portar armas e agir, até mesmo com violência quando necessário. Mas eles só podem fazer isso porque o povo, por meio da Constituição, deu poder aos órgãos de segurança para agirem como protetores da lei.

Barros ao invés de ficar sendo corporativista deveria voltar-se a tropa e fazer uma limpeza nos maus polícias. Não é justificável dizer que só bandido reclama da agressão policial. Ao dizer isso o coronel admite agressão policial e quando se agride uma pessoa, todos são vitimas em potencial. Uma sociedade segura não é aquela que a polícia bate em todo mundo, é aquela em que a presença da polícia é suficiente para garantir a segurança. A sociedade não deve querer polícias se escondendo nos porões para a prática de tortura e sim, nas ruas, junto a população.

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