Polentinha: Eleitoreiro é pouco

Chamar de eleitoreira a proposta que "está ganhando às ruas" de que estudantes do ensino universitário público devam prestar serviço voluntário no setor público, é pouco! Na matéria publicada na Folha de Caxias fica claro o caráter de campanha antecipada da "autora" da proposta, a pré-candidata a vereadora, Adriana de Lucena, Drica (PP).

Na entrevista ela alega que o projeto não tem iniciativa partidária, porém os "apoiadores" da proposta são todos do PP, ela procurou a bancada do PP para elaborar o projeto e foi assessorada pelo ex-deputado federal Victor Faccioni, também do PP. Então é difícil achar que não tem um  BOM grau de partidarização. Bem diferente, inclusive, da iniciativa que ela diz se inspirar: o da Ficha Limpa, que foi construído por entidades em diversos estados do país. A candidata, em campanha antecipada, nem se dá o trabalho de ampliar o universo além de Caxias do Sul.

Para pior deixa seu número de telefone, que bonito, para quem quiser apoiar ela, digo a ideia. Será que o TRE vai tolerar essas malandragens?

O mérito da questão
Sem falar do método, que é equivocado, e é claro que é campanha antecipada, o projeto peca pelo próprio mérito. É uma visão retrograda, típica do PP, dizer que deve haver alguma compensação, por parte do cidadão, para o uso de um serviço público.

Está certo dizer que quem paga a universidade pública é o dinheiro dos impostos de toda a sociedade. Mas as universidade privadas também recebem fartas isenções de impostos. Antes elas faziam a contrapartida com filantropias de brincadeira. Hoje elas tem que dar bolsas de estudos para estudantes. Por isso o Brasil já tem mais de 1 milhão de pessoas estudando de graça pelo ProUni.

Também dizer que só rico entra nas universidades públicas é uma grande bobagem. A maioria das universidades conta hoje com cotas raciais e sociais que possibilitam que as camadas mais pobres da sociedade, que realmente estavam excluídas da universidade pública até o governo FHC, entrem no ensino público superior.

A realidade de "privatização" do ensino superior mudou. Entre 2007 e 2012 houve um acréscimo de 8600 vagas nas universidades federais gaúchas. Três novas instituições foram criadas (uma em Caxias, o IFET, que nossa cidade quase perdeu pela pífia contrapartida que o governo Sartori ofereceu) e houve mais 34 expansões universitárias.

Uma pergunta deixamos aqui para a candidata, em campanha antecipada, será que ela é favorável ao ProUni? A expansão do ensino público? A UERGS? Ao IFET? As cotas sociais e raciais nas universidades públicas?

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