Jaquirana é um pouquinho do Brasil

Ivan Lauro Rauber, filho do prefeito reeleito Ivanor Rauber (PP)
Orestes Ângelo Andelieri (PMDB), vereador em 3º mandato e
José Evandro Pereira dos Reis, coordenador de campanha
foram detidos pela acusação de compra de votos
A investigação que grampeou 15 mil ligações que comprovam a compra de votos pela campanha do prefeito reeleito, Ivanor Rauber (PP), em Jaquirana é a face mais dolorosa e até vergonhosa do nosso processo eleitoral.

As gravações mostram pessoas prometendo votos por dinheiro, gasolina para ir de Caxias para votar, eletrodomésticos e até pneu velho. De um lado uma quadrilha organizada formada pelo filho do prefeito, vereadores e empresários. Do outro lado centenas, talvez milhares de pessoas que venderam seu voto descaradamente. Mais lamentável de tudo foi o episódio desencadeado depois da prisão dos envolvidos onde uma turba, provavelmente formada por gente beneficiada pelo esquema ameaçava invadir a delegacia para libertar os bandidos, sim pois esses políticos são bandidos.


Os envolvidos em tamanho escândalo não ficaram nem dois dias na cadeia. Já estão soltos. Um deles, inclusive, tem relações com um traficante e recebeu até ligação de dentro do presídio. A candidata a prefeita que concorreu contra Ivanor não está na cidade, seu vice teve que sair com a família por ter sido ameaçado.

Cenas como essa mostram como uma cidade, nesse caso em particular Jaquirana, pode virar uma terra sem lei. Mas Jaquirana é um pouquinho do Brasil, em especial um Brasil onde o financiamento privado promove a corrupção. Jaquirana é uma cidade onde a população encolhe ano após ano. Não há desenvolvimento. A atividade econômica principal é a industria extrativista vegetal que tem o domínio da família do prefeito atual. Jaquirana não é uma cidade para seus 4 mil habitantes. Ela é o quintal da família Rauber.

Em outras cidades fatos semelhantes também acontecem, talvez com menos ganância. Em Caxias, por exemplo, há vários casos de práticas ilícitas que são difíceis de provar. A mais comum é cobrar para colocar faixa ou pintar o muro de uma casa. Com valores que iam de R$ 100 a R$ 400, dependendo da localização (é ilegal cobrar para pintar muro ou colocar faixa), alguns proprietários "vendiam" o espaço até para mais de um candidato e de vários partidos. Era comum ver casas com 5, 6, 7 e até 10 ou mais faixas penduradas.Casos como esse não levantam suspeita?

A solução para tal prática, venda de voto, não é simples, principalmente quando o eleitor é agente consciente desse crime. O modo mais simples seria o financiamento público de campanha. Com o dinheiro controlado ficaria mais difícil uma campanhar ser mais cara que a outra. Porém, no caso de Jaquirana, isso não se resolveria. A situação, nesse caso, depende do cidadão perceber que essa prática prejudica a ele mesmo. Nem podemos dizer que foram pessoas de pouca escolaridade ou muito pobres. A compra de votos, em Jaquirana, virou um fato tão normal que atingiu toda a cidade.

A corrupção se resolve com conscientização da população de que não deve ser vender e pela punição dos envolvidos (corruptos e corruptores). Mais, os partidos coligados que reelegeram o prefeito de Jaquirana: PP, PMDB, DEM e PPS devem explicações imediatas sobre a atitude de seus correlegionários.

A propósito na prestação de contas, parcial até agora, da coligação do prefeito Rauber, aparece apenas uma doação de R$ 2 mil ao PP. De onde saiu todo o dinheiro para comprar todos esses votos? A Receita Federal deveria entrar em ação e promover uma devassa nas empresas da cidade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lei de Responsabilidade Fiscal, de Sartori, paralizará o Estado

Caso Paese já virou piada. Juiza ignora, agora, até a Ficha Limpa

Gravações do MP mostram que Jardel negociou 10 cargos para votar favorável ao aumento do ICMS