Um secretáriado de velhos e novos conhecidos

Foto: Luiz Chaves
O secretariado do novo prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) até pode ter a sua cara, mas também ele representa a síntese das velhas e tradicionais famílias políticas de Caxias do Sul. Há, na verdade, poucas novidades entre os 20 secretários anunciados no sábado, dia 15.

Manoel José Souza Marrachinho (PTB), João Wianey Tonus (PMDB), Francisco de Assis Spiandorello (PSDB), Carlos Burigo (PMDB), Adivandro Rech (PR), Adiló Ângelo Didomenico (PTB), Victório Giordano da Costa (PDT), Paulo Roberto Dahmer (PSB), Jaqueline Marques Bernardi (PMDB), Roberto Soares Louzada (PMDB), Fábio Vanin (PP), Edson Néspolo (PDT), Édio Elói Frizzo (PSB) são nomes de políticos tradicionais da cidade ou da segunda geração de políticos tradicionais. Isso demonstra que o programa conservador apresentado por Alceu durante a campanha terá muitos representantes dessa linha. Isso não é um problema em sí já que estava no programa de campanha, porém quem perde com isso é a cidade, que perde a oportunidade de deixar de ser uma província com 400 mil habitantes.

Os partidos da base do governo que elegeram vereadores foram contemplados no secretariado. Coube ao PDT o maior número de secretários (7), depois vem o PMDB (6), grande responsável pela vitória do Alceu. O PSB, apesar de ser pequeno ganhou 3 pastas, muito pela fidelidade de Eloi Frizzo durante os dois mandatos de Sartori. Adiló (PTB), como era de se esperar, foi brindado com a Secretaria de Obras.

Mesmo o PSDB, cujo único vereador, Daniel Guerra, vota constantemente contra o governo, recebeu um afago com a indicação de Francisco Spiandorello como Secretário de Desenvolvimento Econômico. Spiandorello foi Secretário de Urbanismo, durante o governo Sartori, e foi responsável pela liberação  irregular de um conjunto habitacional privado ao lado do aeroporto.

O PR foi o único partido, que não elegeu vereador, que está no primeiro escalão do governo. Adivandro Rech, presidente do partido na cidade, será o novo Secretário de Meio Ambiente.

Alexandra Baldisserotto, casada com Alceu Barbosa Velho, foi indicada para Coordenadora de Comunicação, porém o Polenta News havia alertado que a situação, no mínimo, poderia ser considerada nepotismo (leia aqui). Fomos os únicos a noticiar isso. Porém, para evitar maiores polêmicas, o futuro prefeito anunciou que ela ficará com o mesmo salário que recebia na Secretaria de Agricultura, onde é lotada, sem CC, nem FG. Esse é o discurso, vamos ver a prática.


Nomes sem expressividade

Alguns nomes, porém, são de pouca expressividade. Adriana de Lucena (PP), a Drica, ganhou de presente a Secretaria de Turismo. A secretaria tem poucos recursos, está envolvida em duas denúncias no Ministério Público (uma por contratação de parentes e outra por contratação irregular durante a Festa da Uva) e com nenhuma política pública para a área, há poucas perspectivas que o Caxias avance nessa área. Fica mais do que evidente que essa indicação foi para contemplar aliados.

Outro caso é no Orçamento Comunitário que ficará a cargo de José Dambroz (PSB). Nada indica que a participação popular, que não existia no governo Sartori, exista no governo Alceu. O Orçamento Comunitário, há 8 anos é um faz de conta que serve mais para ter agentes políticos liberados para fazer propaganda do governo do que para empoderamento da população ou de escolha de prioridades. O orçamento do programa, para 2013 é de parcos R$ 12 milhões, o que não propicia a sua efetivação.

Áreas importantes não tiveram indicações de políticos

Duas mulheres comandarão duas pastas de extrema importância no futuro governo. Marléa Ramos Alves (PDT) e Dilma Maria Tonolli Tessari serão as titulares da Secretaria de Educação e de Saúde, respectivamente. Na educação, que tem o maior orçamento, é comum o lema de que se o secretário não atrapalhar tudo funciona bem, justamente por tem um corpo técnico bastante qualificado. A única vez que a educação foi mal foi quando Mariza Abreu foi secretária, no primeiro governo Sartori. Marlea foi candidata a vereadora nas últimas eleições e fez 392 votos.

Já a Secretaria de Saúde que foi o "calcanhar que Aquiles" da atual administração recebe uma médica como titular da pasta. Sua missão é contornar o "estado de greve" que a categoria médica mantém há quase 1000 dias e as longas filas, falta de profissionais, problemas de infraestrutura e outros gargalos que atingem a saúde de Caxias do Sul. Porém há uma grande probabilidade da visão de gestão "medicocentrista" que desprivilegiaria o trabalho multidisciplinar. A gestão em saúde de Caxias do Sul, inclusive, já recebeu apontamentos do TCE, sobre as falhas de gestão da Estratégia de Saúde da Família.

A lista de espera

Alceu já afirmou que cumprirá o acordo de um CC8 para cada partido que participou da coligação que elegeu o prefeito. Com a entrada do PCdoB e do DEM (para espanto do candidato a prefeito Milton Corlatti) são 19 partidos. Oito já foram contemplados. Falta 11, isso mesmo 11! Essa turma toda será encaixada no segundo escalão e em outra diretorias. 


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