Mobilização estudantil consegue reduzir o valor das passagens de ônibus na Capital


Começou e terminou como um imenso Carnaval. As manifestações juvenis, especialmente estudantil, que movimentam Porto Alegre há meses, contra os reajustes das tarifas do transporte coletivo, tiveram um desfecho favorável aos manifestantes nessa quinta feira.

É provisório, foi uma liminar e o pedido não era nem pelo reajuste, mas a decisão do juiz Hilbert Obara, da 5ª Vara Fazendária da Capital, acabou reduzindo o valor das passagens de ônibus de R$ 3,05 para R$ 2,85. O governo Fortunatti (PDT), acoado com o tamanho das manifestações, resignou-se. Disse que não vai recorrer da liminar e discutir apenas no mérito da ação. A ação movida pela bancada do PSOL, ainda em 2011, questionava a inexistência de licitação para o trasnporte público da capital.

O movimento de contestação ao aumento das passagens começou, em 2013, ainda em fevereiro, data que geralmente a prefeitura define o valor do reajuste. Esse ano foi diferente. Em janeiro o Tribunal de Contas do Estado determinou que a Empresa Pública de Transportes e Circulação, EPTC, modificasse a fórmula de cálculo do valor da passagem (leia aqui). Segundo o TCE a Prefeitura estaria utilizando irregularmente a frota reserva para diminuir o número de passageiros por quilômetro rodado, aumento assim, artificialmente, o valor da passagem. Segundo cálculos do TCE a tarifa justa, antes do reajuste, seria de R$ 2,60! Vinte e cinco centavos menos do que era.

Com esse impasse a definição dos reajustes acabou ficando para para março, quando os estudantes já haviam voltado de férias. Era o que precisava para as manifestações atrairem um "mar de gente".

Quando o Governo Fortunatti percebeu o tamanho do desgaste que iria sofrer, utilizou-se de um incidente, na quarta feira passada para tentar criminalizar o movimento. Esse discurso foi comprado pela grande mídia gaúcha, com excessão do Polenta News, que deu o outro lado dos fatos (leia aqui).

Na tentativa desesperada de conter a manifestação dos estudantes, Fortunatti, fez uma reunião com um grupo de entidades estudantis, a maior parte delas fantasmas, mas todas ligadas ao PTB e ao PDT. A decisão foi um desastre. No mesmo dia 10 mil pessoas se reuniram na frente da Prefeitura, desligitimaram as falsas lideranças e fizeram um dos maiores atos dos últimos 10 anos na capital.

Com a pressão popular aumentando e mídia sendo desmentida pelos canais alternativos, não houve jeito. A Zero Hora admitiu a derrota e voltou atrás, até mudou de lado publicando um texto de uma jornalista com o título "não sou baderneira".

Para o Fortunatti, sozinho e isolado, só sobrou chorar pelos cantos. Em entrevista na sexta-feira saiu-se com a pérola:

"É mais cômodo não aumentar nada"
Para o prefeito pedetista aumentar o valor da passagem de ônibus deveria ser algo elogiável!

Fortunatti saí como um grande derrotado desse processo, bem como a mídia, em especial a Zero Hora, que tentou criminalizar os movimentos sociais. Sua versão foi derrubada pelos fatos. Mentir sozinhos eles não conseguem mais.

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