Tarso propõem Fundo Público para financiar cooperativas de comunicação. A BBC inglesa funciona assim

 Foto: Daiani Cerezer/ CUT-RS
Democratizar a comunicação é palavra proibida no Brasil. Pudera. Seis famílias detem mais de 80% de todas as empresas de comunicação do Brasil. No nosso rincão, a RBS, controla jornais nas principais regiões do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e impede o crescimento de jornais em muitas cidades do interior.

Durante a abertura do Fórum da Igualdade o Governador Tarso Genro falou da necessidade de democratizar a mídia para garantir o que está na constituição (leia aqui). Durante a sua fala ele defendeu a criação de um Fundo para financiar cooperativas de comunicação que queiram produzir conteúdo de qualidade.

Muito rapidamente os colunistas da RBS começaram a criticar a proposta. Com medo de perder seus privilégios midiáticos e de manipulação, taxaram a proposta de controle de imprensa. BOBAGEM.

Ou que o governo não tem dinheiro para isso. BOBAGEM. Seria simples, é só destinar parte dos recursos usados em publicidade, onde a RBS é a que mais recebe recursos. Ficou claro agora porque os comentaristas da emisora são contra a proposta?

O modelo da BBC

A British Broadcasting Corporation, BBC, uma das mais importantes emisoras de rádio e televisão do mundo é pública, porém não é estatal. Cada domícilio com uma televisão paga uma taxa, anual, que é em torno de 145 libras. A BBC arrecada anualmente mais de 3 bilhões de libras (mais de R$ 9 bilhões). Apesar de pública, a BBC não sofre ingerência do governo e produz um conteúdo independente, de excelente qualidade, promove a informação e educação e os seus programas são retransmitidos pelo mundo todo.

A BBC foi fundada em 1922 como rádio e em 1932 como televisão. Obviamente o modelo inglês tem uma particularidade que talvez não funcionasse no Brasil. Seria difícil convencer as pessoas a pagarem por assistir a teve aberta que é considerada gratuita (mas é financiada pelos patrocinadores, onde os governos são os maiores).

O leitor tem opção?

Outra fábula contada pela grande mídia é que o leitor tem opção de trocar o canal de TV ou ler outro jornal. Isso não é verdade! Ao transformar as emisoras estaduais e regionais em suas redistribuidoras a TV Globo praticamente monopolizou o sinal de TV no Brasil. Além disso ela ainda detêm inúmeros canais de TV a Cabo e, se não bastasse, é distribuidora de sinal de TV a Cabo. Soma-se isso a produtora de shows, emisoras de rádio, produtora de conteúdo e sinal de internet, editora de livros e de CDs.

Aqui em Caxias a situação é mais dramática. Não faz um ano que temos outros jornal diário (Folha de Caxias). Antes disso só existia o Pioneiro, da RBS. Então não havia opção! Outros veículos, de periodicidade semanal, sofrem com a falta de recursos. Recentemente O Caxiense fechou por esse motivo (leia aqui). A Folha de Caxias, inclusive, que tem um alcance bem menor que o Pioneiro sofre com uma concorrência desleal do jornal da RBS que tenta tirar seus anunciantes a todo o custo. Motivo? Controlar o mercado e, obviamente a notícia.

Portanto quando alguém lhe disser que tem opção de trocar de emissora ou de jornal, pergunte a ele como?

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