Primeiro debate foi morno. Destaque só para as gafes da produção


No último domingo, 6, primeiro dia oficial da campanha eleitoral, a Rádio Gaúcha e a TV Com realizaram o primeiro debate com os candidatos ao governo do estado. No geral o debate foi morno, sem grandes polêmicas e com mínima apresentação de propostas.

A participação dos 8 candidatos ao governo serviu para deixar uma dúvida: Por que cargas d'água alguns são candidato?

A turma dos pequenos, para não chamar de nanicos, dois candidatos chamaram atenção. Muito mais pela bizarrice do que pelas propostas. Estivalete (PRTB) se apresentou pilchado, segundo ele próprio, porque o último político que sempre estava pilchado era Getúlio Vargas. De onde ele tirou a bota amarela e o lenço verde é o que mais intrigou aos que assistiram o debate pela TV Com. Talvez a indumentária tenha sido uma homenagem à Copa, vai saber. João Rodrigues (PMN) se desculpou com os ouvintes pois estava com a voz grogue devido a uma soma de medicamentos. Ele disse que achava que o debate era importante e por isso veio, mesmo doente. Pena que não trouxe propostas junto com ele. Completando a turma que tem menos de 1% das intenções de voto o comunista Humberto Carvalho (PCB) em alguns momentos parece que não estava prestando atenção no debate não fazia a mínima ideia para quem deveria fazer as perguntas.

Tanto Robaina (PSOL) quanto Vieira da Cunha (PDT) optaram pela estratégia de que a melhor defesa é o ataque. Robaina mirou tanto em Tarso Genro (PT) e em Ana Amélia (PP). Contra o petista Robaina tentava mostrar contradições entre o discurso e o programa do partido já para Ana Amélia o objetivo era vincular a senadora com a gestão de Yeda Crusius (PSDB) que faz parte da sua coligação. Foi entre Ana Amélia e Robaina que o clima do debate ficou mais quente. Quando o candidato do PSOL pediu que Ana Amélia falasse da gestão de Yeda, da qual o PP fez parte, e logo em seguida classificou esse governo de neoliberal, a progressista falou a frase do debate: "o mundo não está mais dividido entre direita e esquerda, mas entre rápidos e lerdos". De longe essa foi a afirmação mais forte do debate e que recebeu o maior número de questionamentos nas redes sociais. O que significava ser "rápido" seria um novo termo para quem "leva vantagem em tudo"?

Vieira da Cunha resolveu se concentrar em Tarso. Em um momento chegou a falar que o petista falava sobre um estado que não existe já que, segundo Vieira, o Rio Grande do Sul tem muitos problemas. Tarso lembrou que o PDT era governo até pouco tempo e falou que mesmo com as mazelas herdadas dos governos anteriores deu os maiores reajustes salariais da história para professores e brigadianos e ainda investiu na infraestrutura do estado. Em outro momento Vieira disse que se sentia envergonhado com a situação do Presídio Central. Tarso retrucou dizendo que a vergonha de Vieira iria diminuir já que a transferência de presos do Central para outras penitenciárias já havia começado.

No grupo dos melhores colocados nas pesquisas, Sartori (PMDB) optou pelo discurso de conciliação. Chegou a elogiar, em dois momentos, os programas implementados pelo governo Tarso. Foi o candidato que mais citou a sua chapa e falou que governaria para todos, claramente buscando a mesma estratégia que elegeu Germano Rigotto 12 anos atrás. Sartori defendeu a participação popular dizendo que havia instituído o Orçamento Comunitário. Ele esqueceu, porém, que o Orçamento Comunitário substituiu o Orçamento Participativo, criando no governo Pepe Vargas (PT) e que segundo o movimento comunitário funcionava melhor que o modelo atual.

Ana Amélia evitou o máximo o confronto. Suas propostas sempre foram as mais genéricas e se limitaram a dizer que iria se focar na gestão. Nas entrelinhas, Ana Amélia, propôs algo bem conhecido e já aplicado no governo que ela tenta não se vincular. É o famoso choque de gestão utilizado pela ex-governadora Yeda (PSDB). Ana Amélia fala que vai cortar gastos com secretárias mas não diz quais! Essa medida é muito mais popularesca do que efetiva já que representa uma parcela minúscula do orçamento do estado.

Tarso Genro tentou por duas vezes fazer pergunta para Ana Amélia. Na primeira vez, mesmo podendo o mediador "errou" e disse que o petista não poderia perguntar para a senadora. Numa segunda tentativa novamente não era possível pois ela já havia respondido uma pergunta. Tarso apresentou as realizações de seu governo. Foi firme e dialogou com contundência com Vieira da Cunha e Robaina. Com o candidato do PSOL, Tarso afirmou que seu ideal de mundo é muito maior do que um governo, mas que se governa na vida real coisa, que segundo o governador, o PSOL falha ao se fixar apenas na disputa programática.

Em resumo o debate de 2 hora e meia teve pouco significado para o debate de propostas. A RBS foi a principal culpada disso. O formato do debate é tedioso, o moderador estava atrapalhado e as perguntas previamente elaboradas pela produção do grupo jornalístico eram simplórias e simplificadoras. Formatos muito mais inteligentes são as entrevistas, o ruim é que nesse caso não há o confronto, mas também não há jogada ensaiada, ou não.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lei de Responsabilidade Fiscal, de Sartori, paralizará o Estado

Caso Paese já virou piada. Juiza ignora, agora, até a Ficha Limpa

Gravações do MP mostram que Jardel negociou 10 cargos para votar favorável ao aumento do ICMS