A mudança de discurso de Sartori

Apesar de apresentar quase nenhuma proposta durante a campanha, o futuro governador José Ivo Sartori (PMDB) era direto em uma coisa: o não aumento de impostos e, quiça, a redução da carga tributária.

Depois de afirmar, em uma entrevista lacônica a Zero Hora, que não sabia a situação financeira do estado, que foi o tema mais debatido durante as eleições, o futuro governador já deixa transparecer que pode haver aumento de impostos ou o não cancelamento de alguns.

O caso mais emblemático está no chamado "Imposto de Fronteira" que é uma alíquota cobrada de produtos que são comprados de outros estados, normalmente são importados chineses. Esses produtos chegam bem mais baratos no Rio Grande do Sul e prejudicam a indústria local que perde em competitividade.

Durante a discussão do projeto o futuro secretário da fazenda, Giovane Feltz (PMDB), o futuro vice governador Cairoli (PSD) e o deputado Frederico Antunes (PP) foram os principais lutadores contra o imposto.

O que seria de se esperar é que o governo Sartori suspendesse o imposto. Pois é, parece que não vai. Ele rende R$ 300 milhões aos cofres públicos e em pouco tempo poderá chegar a R$ 1 bilhão!

O atual governo sempre defendeu que o fim desse imposto seria, praticamente, um subsídio aos produtos chineses. Sartori afirma que "quer negociar uma solução que seja boa para os dois lados". Só que essa proposta está fora do tempo.

Como lembrou a colunista Rosane Oliveira na Zero Hora de hoje, "a fase da negociação passou. Reabrir o debate significa admitir que o secretário da Fazenda, Odir Tonollier, tinha razão e que a lei é incompatível com a situação das finanças públicas".

O discurso do futuro governador fica cada dia mais frágil. Faltando seis dias para a posse não dá mais para dizer que "vamos ver o que fazer depois". O depois já chegou. Em 2 de janeiro o governador deverá que executar ações e não pode ser só uma galetada no galpão do Palácio Piratini.

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