Desenho do secretariado de Sartori: ou é deputado ou foi do governo Yeda

Dos 13 nomes praticamente confirmados para o secretariado do governador José Ivo Sartori (PMDB), mais da metade, 7, são deputados estaduais ou federais eleitos. Ainda há forte presença de ex-integrantes do governo Yeda (PSDB) representada por Ana Pellini que foi presidente da Fepam e Secretária Geral de Governo durante o governo tucano.

Como Sartori disse pouca coisa sobre como governaria o Rio Grande do Sul, se eleito, durante a campanha, não há referências sobre se ele propôs um governo mais técnico ou mais político. Ele na verdade fez uma mistura disso tudo. Colocou um monte de políticos em áreas que eles não conhecem.

O Polenta News já havia falado disso quando surgiram os primeiros nomes (veja aqui). O caso mais emblemático é o da Secretaria de Educação que pela primeira vez na história será administrada por alguém que não é professor, no caso, Vieira da Cunha (PDT).

Na divisão do bolo, de 19 partidos, o PMDB estaria ficando com até 7 secretarias (Casa Cívil, Fazenda, Secretaria Geral, Gabinete do Governador são certas. Emater, Saúde e Cultura são possibilidades). O PDT emplaca Vieira da Cunha na Educação e Eduardo Loureiro em Obras, Saneamento e Habitação. O PP fica com três (Agricultura, Transporte e Segurança). O PSB, aliado de primeiro momento, fica com 2 ou 3 (Trabalho, Desenvolvimento Rural e está brigando pela Emater com o PMDB). O PSDB também fica com duas secretarias (Minas e Energias e Meio Ambiente). O PSD, partido do vice, coloca Bibo Nunes no Turismo e Esporte (mais uma indicação lamentável). Os outros partidos serão premiados com cargos de segundo e terceiro escalão.

Com exceção do PSB todos os outros partidos estão muito contentes nessa divisão. O partido espera ganhar mais espaço dentro do governo. Na análise dos dirigentes do partido o PSB esteve com Sartori quando ele tinha só 3% dos votos e não tinha dinheiro para fazer campanha. Isso não deixa de ser verdade. Da coligação inicial de Sartori só o PSB e o PSD, além do PMDB é claro, estão com cargos no primeiro escalão. A maioria das secretarias está indo para partidos que se coligaram somente no segundo turno.

Mas isso faz parte da estratégia de Sartori em garantir ampla maioria na Assembleia. Com essa composição o governador terá 37 deputados na base e 18 na oposição.

Extinção de Secretarias

Essa sim fala recorrente durante a campanha, que tem muito apelo popular mas nenhuma função prática, a extinção de secretarias se limitará a órgãos que tinham pouco orçamento e não trará nenhum impacto nas finanças do estado, pelo contrário, em alguns casos poderá até gastar mais. Estão na lista de extinção:

  • Secretaria de Comunicação
  •  Gabinete dos Prefeitos
  • Secretaria executiva do Conselhão
  • Economia Solidária
  • Assessoria Superior do Gabinete do Governador
  • Políticas para as mulheres (as atividades ficarão sob responsabilidade do Gabinete da Primeira-Dama. Maria Helena Sartori não terá atividade remunerada).
 A justificativa para o fim da secretaria de comunicação é de que o governador não precisa de porta voz. Na verdade todo o trabalho hoje desenvolvido pela secretaria deverá ser repassado para agências externas, não estranhem se forem as mesmas que trabalharam na campanha.

A Economia Solidária será absorvida pela Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia e, com certeza, perderá completamente a importância o que poderá causar prejuízos ao setores de agroindustria familiar, reciclagem e pequenos empreendimentos que tem foco comunitário em todo o estado.

Pior mesmo é o fim da pasta de Políticas para as mulheres que será absorvida pela Primeira-Dama, Maria Helena Sartori, deputada estadual não reeleita, demonstrando, claramente o vies sexista de um governo que só terá uma mulher como secretária de estado.

Veja abaixo quem são os confirmados e os possíveis secretários do próximo governador.


ANUNCIADOS

  • Casa Civil – Márcio Biolchi (PMDB)
  • Fazenda – Giovani Feltes (PMDB)
  • Secretaria-Geral – Carlos Búrigo (PMDB)

CONVIDADOS OU INDICADOS

  • Educação – Vieira da Cunha (PDT) foi convidado e aceitou.
  • Obras, Saneamento e Habitação – Eduardo Loureiro (PDT), ex-prefeito de Santo Ângelo. Se não aceitar, o segundo da fila é o deputado Gerson Burmann (PDT).
  • Agricultura – O deputado Ernani Polo (PP) está confirmado.
  • Transportes – Pedro Westphalen (PP), ex-presidente da Assembleia, resistiu ao convite, mas acabou aceitando.
  • Trabalho – Miki Breier, deputado estadual, foi indicado pelo PSB e deve ser confirmado.
  • Minas e Energia – Lucas Redecker, deputado mais votado do PSDB, foi convidado, mas aguarda o aval do partido, que tem nova conversa com Sartori no início da semana.
  • Segurança – o delegado da Polícia Federal Ademar Stocker é o preferido do governador eleito e de seus homens de confiança na transição. Além disso, tem a aprovação do PP.
  • Turismo e Esporte – Bibo Nunes é o nome do PSD, partido do vice-governador José Paulo Cairoli.
  • Meio Ambiente – Ana Pellini, ex-presidente da Fepam, ex-secretária-geral no governo de Yeda Crusius e atual secretária de Licenciamento e Regularização Fundiária na prefeitura de Porto Alegre.
  • Chefia de Gabinete do Governador _ O escolhido é o ex-prefeito de Farroupilha Ademir Baretta.


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