A escolha de Sartori: Helicóptero para feijoada na praia ou para resgatar feridos

Aeronave que o governo Sartori afirma que está nos Estados
Unidos, na verdade já está, à disposição, em Porto Alegre
A falta de projeto de governo de José Ivo Sartori (PMDB) está causando, quando não estragos, muitas confusões nesses 40 dias de gestão. São idas e vindas. Decisões que são revogadas. Outras que não são bem decididas. De certo é que ninguém, nem os eleitores, sabiam, e sabem, ao certo o que o governo propõem.

Nesse rio caudaloso que o governo do estado vive todo o dia somos confrontados com o peso de decisões mal tomadas. A mais recente demonstra exemplarmente o que acontece quando há a interrupção de serviços públicos e a má gestão dos gastos do governo.

No sábado o governador participou da abertura da colheita da safra de arroz em Tapes. A escolha do governo foi fretar um helicóptero para se deslocar de Porto Alegre até Tapes. A justificativa era o tempo de deslocamento. Ok, nenhum problema. Acontece que depois o governador Sartori se deslocou, também de helicóptero até Capão da Canoa e depois para Xangrilá onde participou de uma feijoada de aniversário do vereador Idenir Cecchim (PMDB). Sartori não tinha compromissos oficiais no Litoral Norte.

O custo desse dia de helicóptero? R$ 13 mil!

Na terça-feira outro caso exigiu o uso de helicóptero, mas dessa vez uma vida estava em risco. Um menino de 3 anos caiu de uma sacada em Capão da Canoa, o mesmo lugar onde Sartori desembarcou para ir para a feijoada. O garoto foi atendido pelo Samu e levado para o hospital Santa Luzia. Depois dos primeiros atendimentos a equipe de saúde achou melhor leva-lo para uma UTI Pediátrica, no caso em Porto Alegre. Aí começou a peregrinação. A equipe Aero Médica do estado foi desarticulada pelo Secretaria Estadual de Saúde (veja aqui).

Quando a pediatra Rossana de Carli solicitou transporte aéreo para o garoto, recebeu como resposta "que não poderia liberar o voo porque o serviço aeromédico não existia". Ela afirmou que assumiria a responsabilidade do transporte. Passados 50 minutos, sem resposta, houve um novo contato. A informação foi de que o responsável estava de reunião. Depois de muita insistência Rossana ouviu a seguinte resposta: "Então, a senhora e o Major Frank assumem a responsabilidade pelo transporte". O transporte só aconteceu porque a médica e o oficial da Brigada Militar compraram a briga. O drama todo levou 1 hora e 15 minutos. A viagem levou apenas 45 minutos.

Mas essa situação dramática não sensibilizou o secretário estadual de saúde, João Gabbardo (PMDB). Para ele o garoto poderia ter sido transferido de ambulância (embora seu quadro de saúde esteja cada vez pior). Pior, afirma ainda que a equipe que fazia parte do programa será dispensada e serão contratados, ou treinados, outros profissionais.

A situação que já era preocupante fica pior. Em nota oficial o diretor do Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial da Secretaria, Alexandre de Britto, diz que “o atendimento aeromédico continua sendo prestado pelo helicóptero da Brigada Militar” e que os dois helicópteros adquiridos pelo governo Tarso Genro, em 2014, “permanecem nos Estados Unidos, aguardando entrega por parte do fabricante”. Na verdade, um dos helicópteros já está em Porto Alegre, no Batalhão de Aviação da Brigada Militar, no aeroporto Salgado Filho.

O governo do estado tem os equipamentos, tem os profissionais, tem os recursos mas escolhe não realizar o serviço. O custo mensal da equipe aeromédica é de R$ 166 mil, quase 3 vezes mais barato (proporcionalmente) que o helicóptero usado por Sartori para ir para a sua feijoada. Quais são as prioridades do governo. Qual será a escolha de Sartori?

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