Sartori nomeia primeira-dama como secretária, depois de dizer que não faria isso

Marco Weissheimer/Sul21

Antes de assumir o governo do Estado do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB) anunciou que sua esposa, a então deputada estadual Maria Helena Sartori (PMDB), desempenharia apenas a função de primeira-dama, não remunerada. O anúncio foi feito no contexto do discurso de austeridade que o novo governador apresentou para a população. Na cerimônia de posse, Sartori anunciou que tomaria medidas duras e disse: “vou fazer o que tem que ser feito”.

Passados mais de 40 dias de governo, o mandatário mudou de ideia quanto ao trabalho voluntário que seria realizado por sua esposa. O Diário Oficial do Estado desta sexta-feira (13) traz a nomeação da primeira-dama Maria Helena Sartori como secretária de Estado extraordinária do Gabinete de Políticas Sociais. A publicação do decreto com um pacote de cortes de gastos públicos, que estava prevista para essa sexta-feira, foi adiada. Sartori teria pedido mais tempo para analisar os cortes durante o feriadão de Carnaval. O decreto deve estabelecer um corte de cerca de 25% nos gastos em custeio das secretarias, órgãos da administração indireta e fundações, até o fim do ano.

A transformação da primeira-dama em secretária exigiu um complexo trabalho de engenharia política. Na quinta-feira (12), Maria Helena Sartori tomou posse como deputada estadual na Assembleia e, logo em seguida, anunciou que estava se licenciando para assumir uma secretaria do governo Sartori. Na eleição de 2014, a esposa do governador fez 31.234 votos e ficou como segunda suplente da bancada do PMDB. Dois deputados do partido, Fábio Branco e Juvir Costella, foram nomeados secretários, abrindo portanto uma vaga para a segunda suplência.

Logo após assumir por alguns minutos seu mandato, a parlamentar descreveu como “inédita” a situação que estava vivendo de assumir uma cadeira como deputada estadual e, ao mesmo tempo, “ter que levar em conta que a maioria do povo gaúcho escolheu e levou ao Executivo estadual o seu marido, o que a conduziu à missão de ser a primeira-dama do Estado”.

A criação de uma nova secretaria permitiu que Maria Helena Sartori se licenciasse da Assembleia sem perder o mandato. Além disso, abriu espaço para o terceiro suplente do PMDB, Ibsen Pinheiro, assumir uma cadeira na Assembleia, como queria o governador Sartori. Ao se licenciar da Assembleia, a primeira-dama anunciou que estava abrindo mão de 50% da remuneração que receberá como secretária. Se mantivesse a promessa original do governador, não teria remuneração enquanto primeira-dama e teria que renunciar ao seu mandato na Assembleia para que Ibsen Pinheiro pudesse assumir. O Gabinete de Políticas Sociais, anunciou ainda o governo, deve ser responsável por medidas relacionadas às atividades comumente destinadas às primeiras-damas, pelas quais, normalmente, não há remuneração.

Nas redes sociais, militantes feministas que criticaram a extinção da Secretaria de Políticas para as Mulheres pelo novo governo ironizaram: “Sartori extinguiu a Secretaria DAS Mulheres e criou a Secretaria DA Mulher”.

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