Tá valendo tudo na prefeitura de Caxias do Sul?

Se olharmos em retrospectiva um fato nos salta aos olhos. Tá valendo fazer qualquer coisa na Prefeitura de Caxias do Sul.

A preocupação com o bem público, com o não uso particular do cargo, com a impessoabilidade do gestor é deixada em segundo, ou terceiro, ou até quarto plano, dependendo do caso. São inúmeras denúncias de uso dos espaços públicos para benefício pessoal ou de partidos da base governista. Já teve carro emprestado que depois foi devolvido, já teve licitação que comprou um "caminhão de troféu", já vice que não quis assumir o cargo e foi obrigado pelo justiça e por aí vai.

Nessa semana que passou fomos presenteadas com mais um desses casos. Publicado originalmente na coluna da Rosilene Pozza, no Pioneiro, uma foto, que até parece inocente, mas o real motivo foi entregue por um desavisado militante que no afã de mostrar prestígio arrastou o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) para uma saia justa.

Samuel de Abreu postou, em seu Facebook, a foto que ilustra essa matéria. Nela havia a legenda: "REUNIÃO DE FILIAÇÃO DO PDT BRUNA FEIJÓ 2015". Na foto pode-se ver o vereador Virgili Costa (PDT) e o chefe de gabinete do prefeito Agenor Basso.

A prefeitura não é o PDT, está sendo administrada por um pedetista, é uma situação transitória. Então não pode o primeiro escalão do gabinete do prefeito utilizar o espaço público e institucional para realizar um ato interno e partidário.

Basso negou que o motivo da reunião fosse a filiação. Disse que atende todo mundo e que as fichas de filiação vieram prontas e foram abonadas pelo vereador Virgili. Quando Basso percebeu que as perguntas iriam complicar a sua situação encerrou a conversa com a colunista do Pioneiro.

O prefeito Alceu Barbosa Velho por sua vez disse, mais uma vez, que o assunto não é com ele. Em nota ele desaprovou o conduta de Basso. Disse que não sabia sobre a realização do ato de filiação e que, a partir daquela data [da nota], o uso do Salão Nobre do Gabinete será somente com a sua autorização direta. Alceu ainda afirma que condena a utilização de bens públicos para atos políticos-partidários.

A moral da história, de mais esse imbróglio é o baixo nível de debate da discussão política que se trava em Caxias do Sul, e no resto do pais. O debate deixou de ser ideológico e de projeto para uma cidade e passou a ser o do deslumbramento com o poder. Nesse sentido lideranças de base, vindas de bairros humildes são convencidas a seguir um determinado "líder" por uma provinha de poder, nada mais significativo do que isso do que se filiar na ante sala do gabinete do prefeito.

A propósito. Samuel apagou as fotos de seu Facebook. 

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